domingo, 3 de junho de 2007

Quem é Blueberry?

Blueberry, aliás, Mike Steve Donovan, é um tenente que vive suas aventuras também no ambiente selvagem do western.
Mike Blueberry é um personagem que realmente existiu: nasceu em 30 de outubro de 1843, em Red Wood Grove, uma grande e bela mansão colonial, situada próximo de Augusta, Georgia. Filho de Cynthia Donovan e Slim Phips Donovan, faleceu nonagenário a 5 de dezembro de 1933, em Chicago.
Foram 90 anos muito bem vividos, dos quais algumas aventuras foram narradas pelo talento do escritor belga Jean-Michel Charlier e do desenhista francês Jean Giraud, e continuam sendo contadas por esse último e também por François Corteggiani, Michel Blanc-Dumont e outros renomados artistas; inclusive já contou em seu staff com o neozelandês Colin Wilson, desenhista do Texone 14, "L'ultimo Ribelle".
Alguns detalhes da vida tão intensa do tinhoso, vivido, teimoso, malicioso e maduro Tenente serão mostrados no Portal, não necessariamente em ordem cronológica. Implacável como Clint Eastwood, bravo como John Wayne, justo como Kevin Costner. Só poderia ser o Tenente Blueberry, o mais audacioso oficial da Cavalaria.
Ele pacifica nações indígenas, vira xerife, escapa de emboscadas, caça perigosos facínoras e restaura a ordem numa terra sem lei. Inteligência, músculos e uma incrível pontaria transformam o Tenente Blueberry no maior furacão do Oeste, comparado a Tex Willer, o ranger mais temido do Oeste!
Em matéria de western, Blueberry constitui a referência absoluta. Em 1963 esse personagem foi criado para o semanário "Pilote" (Piloto), de Georges Dargaud, por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
A colonização do Oeste americano sempre fascinou o mundo inteiro, notadamente os europeus, que dedicam ao assunto boa parte de sua produção quadrinhística e cinematográfica.
A idéia de publicar "Blueberry" surgiu em 1962, quando Charlier foi conhecer "in loco" os cenários da saga. Detalhista ao extremo, o roteirista recolheu vasto material de referência e gastou mais de um ano pesquisando usos, costumes, grupos étnicos, geografia, história e toda a documentação de que pudesse dispor para enriquecer sua criação. Charlier morreu no final de 1989, vítima de crise renal, fumando charutos e escrevendo histórias, aos 65 anos.
Por outro lado, Giraud revelou-se o mais promissor aprendiz de Jijé (nome artístico do belga Joseph Gillain, criador de "Jerry Spring" e desenhista da capa de "Forte Navajo"), quando o auxiliava na produção das aventuras desse clássico do western belga. Gir foi o primeiro pseudônimo usado pelo francês nascido em 1938, e idolatrado a partir dos anos 70 como Moebius, o mago dos quadrinhos de ficção científica, revelado pela "Métal Hurlant" para o mundo.
Eles estabelecem ao lançamento um sólido soldado, que se fixou como o sósia do ator francês Belmondo. A semelhança se encobre ao fio dos episódios. Blueberry, apelido de Mike Steve Donovan, que realmente existiu, era um grande cabeçudo: tinhoso, entretanto, sempre respeitador do rigor militar, indisciplinado, ele não hesitou por vezes em desertar para completar melhor as suas missões.
O cenário utiliza todos os ícones do Western americano, com tudo aquilo que o mesmo apresenta de lugares e de personagens pitorescos (Mc Clure, Angel Face, Red Nick, Chihuahua Pearl, etc., sem contar os índios que são reabilitados pelos autores, aliás, ponto de vista adotado em "Jonathan Cartland", por Michel Blanc-Dumont).
Paralelamente ao ciclo clássico da saga de Blueberry (26 álbuns - 23 escritos por Charlier e desenhados por Giraud, três de Giraud - texto e desenho; e a ser publicado "OK Corral", que está sendo realizado há três anos), Giraud desenha entre 1968 e 1970 "A Juventude" do futuro tenente (três obras com texto do saudoso Charlier).
Essa "série" retoma o seu curso em 1985 sob o lápis de Colin Wilson, assaz respeitoso ao estilo imposto por Giraud, que desenha seis álbuns - três escritos por Charlier ("Os Demônios do Missouri", "Terror no Kansas" e "A Incursão infernal"); e três por François Corteggiani ("A Perseguição implacável", "Três homens para Atlanta" e "O Preço do sangue").
Além desses, o ciclo "A Juventude de Blueberry" é composto por três álbuns de Corteggiani e Michel Blanc-Dumont, perfazendo doze álbuns, e sairá em breve "Il faut tuer Lincoln", da dupla Corteggiani e Blanc-Dumont. O ciclo "Marshal Blueberry" possui três álbuns - dois de Giraud e William Vance (desenho), e um de Giraud e Michel Rouge (desenho).
Existe apenas um retrato de Blueberry, cuja autenticidade é segura, realizado pelo pintor americano Peter Glay no campo de batalha durante a Guerra de Secessão, provavelmente em 1863. Assim como uma única fotografia conhecida do tenente nortista, também no campo de batalha e junto a colegas de farda. "Forte Navajo" foi a primeira aventura do jovem fidalgo Mike Steve Donovan, filho de fazendeiros escravocratas, plantadores de algodão na Geórgia, que o destino - ou gênio de Charlier - transformou no Tenente Blueberry.
Porquanto Blueberry, ou, ao menos, aquele que todo o Oeste conhecia sob esse nome, faleceu em Chicago, nonagenário, em 5 de dezembro de 1933, na mesma noite em que o Presidente Franklin Delanno Roosevelt assinou o Ato de Abolição da Proibição.
Fonte: www.dargaud.com e álbuns da série.